Igreja-Matriz
de Liberdade
“Jesus subiu ao Templo como lugar privilegiado do encontro com Deus” (CIC 584)
Conta a tradição que padres jesuítas, ao aportarem às terras do então povoado do Livramento de Aiuruoca, trouxeram consigo e entregaram aos moradores pequenina imagem
de Jesus flagelado. Aquele pequeno símbolo representativo do sofrimento de Cristo
emocionou o povo simples, ordeiro e profundamente religioso que cuidou de construir uma acomodação para abrigar a imagenzinha e onde pudesse se
reunir para louvor, orações e súplicas.
Assim, pequena capela foi
construída no alto de uma colina, onde hoje está
a sacristia da igreja matriz. Tempos depois, essa primitiva capelinha foi aumentada, erigindo-se uma ermida que passou a ocupar o espaço onde está hoje o presbitério
(“altar”) da
atual igreja e,
por essa causa, o povo católico podia melhor venerar o
Senhor Bom Jesus do Livramento e acorrer
à proteção divina.
Anos mais tarde, crescendo o número
de habitantes do lugar e sua devoção, iniciou-se a ampliação da antiga
capela com construção de nave maior (“corpo da igreja”) concluindo-se aquela obra em 1785 segundo consta em inscrição esculpida em pedra, no alto da porta
principal (foto).
Quanto mais a devoção popular
crescia, mais aumentava no povo
católico a vontade de
que aquela pequenina imagem fosse substituída por outra, em tamanho maior, sem
fugir ao modelo original. Templo condigno já havia... e Deus ouviu as preces de seu povo: naquela igreja nova, em
seu trono sagrado, instalou-se para sempre a grandiosa obra de arte
e preciosíssima imagem do Senhor Bom Jesus do Livramento, numa perfeição
anatômica minuciosa, com 1,90 m de
altura que “ extasia a quem a contempla, verdadeiro
tesouro de arte e religiosidade existente
na cidade de Liberdade”.
Desde 1855, aquele templo foi elevado à condição de igreja
paroquial e nestes
tantos anos a magnífica representação do “Cristo flagelado, numa cena incomum de sua apresentação a
Pilatos”, continuou atraindo romeiros,
peregrinos e devotos
àquela pequena igreja-matriz, sede das atividades religiosas da paróquia, centro
da vida eucarística e sacramental do povo.
Templo sem torres e sinos ... só de silêncio
e oração.
Nova igreja-matriz
para Liberdade
Enquanto o vilarejo do Livramento
d´Aiuruoca
seguia seu lento processo de crescimento, a Paróquia caminhava evangelizando pelo modo e
linguagem apropriados para aquela distante época:
celebrava “domingo de
missa”, fazia rezas de terços
e procissões (nas ruas de terra) ,
aplicava indulgências, ensinava o catecismo,
ministrava batizados, confissões, sagrada comunhão, casamentos e extrema-unção. Já se passavam
bem mais de cem anos desde a
construção daquela pequena igreja, sem torres e sem sinos...!. Nela já
não cabiam fiéis paroquianos e
tantos contritos romeiros que
ali vinham, em romaria por meio de trem de ferro ou de carros de boi ou gente a pé.
Em edição de junho de 1922,
o extinto “Correio do Livramento”
registrou que missionários Redentoristas pregaram 12 dias de missões
para os“católicos livramentenses ” e que
“... o último sermão foi pregado na porta da Egreja (!) Matriz porque aquele templo não
comportava sequer a metade da assistência...”! “Assistência”
não tão grande assim: menos de dois mil paroquianos e forasteiros.
Corajosa, pois, iniciativa da
Irmandade do Senhor Bom Jesus do Livramento quando, em 1930, entregou ao
construtor/empresário João Domingues de Sampaio responsabilidade de aumentar a igreja-matriz. Optou ele
por construir duas grandes torres e seguindo o alinhamento
delas acrescentou, de cada lado, paredes
laterais, em tijolos, de fora a fora, em toda extensão do templo; as paredes antigas foram aproveitadas e transformadas em diversos arcos internos, acrescentando-se dois altares
laterais, hoje totalmente
restaurados e dedicados
à Mãe do Perpétuo Socorro e ao Coração
de Jesus.
Então, sim, em 1932, o templo estava pronto, mais espaçoso, com suas torres e cruzes apontando para o infinito, para onde o cristão deve
olhar! Das alturas, os sinos já podiam chamar para momentos de alegria, louvor, contrição e um relógio
fingia marcar o tempo... Aquela reforma
fez tanto efeito positivo que,
logo, em 1933, e, depois, em 1940, mais duas grandes missões dos padres redentoristas ali
aconteceram,como provam
cruzes-missionárias guardadas, como memória, no salão paroquial.
Registra-se
que a “ Empreza Força e Luz “,
dona da 1ª usina geradora de energia elétrica para o arraial e
inaugurada dois anos antes (usina da Bahú),
nada cobrava da
igreja; assim, também foram iluminadas as cruzes das
torres para, do alto da colina,
lembrarem ao povo que daquele templo se
espalha a Palavra e se deve viver plena Comunhão com Aquele que brilha como LUZ para
o MUNDO : o bom
Senhor Jesus!
Santuário Senhor Bom Jesus do Livramento
- Modificações
No período de 1977/78, acabou
transporte ferroviário de passageiros no Brasil. Mesmo assim,
continuou aumentando presença de romeiros e peregrinos do Bom Jesus,
principalmente na “festa de setembro”. Assim, apesar das reformas feitas, a igreja foi ficando pequena, de
novo. Aconteceu então, já se aproximando final do milênio, de dois presbíteros
recém ordenados assumirem a direção da
paróquia. Com entusiasmo próprio de
quem está começando ministério, padre Carlos Alberto Moreira e padre Antonio Camilo de Paiva
reorganizaram os Conselhos Paroquiais e com eles decidiram ser inadiável ampliar a igreja.
Colocou-se em prática projeto assim resumido: foram demolidas paredes que ficavam perto do presbitério (altar mor) e acrescentadas de cada lado do altar duas alas espaçosas e arejadas, em forma de braços estendidos,
dando ao templo sugestivo formato de
uma cruz. Esta modificação fez a igreja ficar bem maior!
Para fazer isto, foi preciso
deslocar a capela do Santíssimo. Doutrina e fé ensinam que nas espécies eucarísticas Jesus está
presente e por tamanha importância o tabernáculo (ou sacrário) deve ser
colocado em local particularmente digno na igreja, para adoração silenciosa ao
Senhor. Erigiu-se, assim, na parte dos
fundos do Santuário, nova capela para acolher o Santíssimo
Sacramento, em recanto sagrado, silencioso e convidativo à oração e intimidade
da alma com
Jesus Cristo.
Para se chegar
a esta nova capela passava-se por cima do túmulo do ex-pároco frei José Wulff
Haverkemper O.P., piedoso e humilde dominicano falecido em 1960. Para evitar essa inconveniência,
em cerimônia singela e respeitoso silêncio, os poucos restos de seus ossos foram exumados e colocados
numa pequena u r n a que foi
embutida na parede próxima à entrada da
capela do Santíssimo e encoberta por placa comemorativa marcando a passagem da humanidade do século
XX (dezembro de 2000) para um novo tempo de esperança (século XXI). Também, para facilitar visitação
de fiéis, romeiros e peregrinos
à imagem do Bom Jesus, construiu-se, além
de ampla escadaria interna, uma rampa
externa para entrada e saída em ocasiões de maior movimento de pessoas (v.
foto), passando-se por detrás da
capela do Santíssimo.
Com essas obras, a paróquia se integrou
ao projeto “Rumo ao Novo Milênio” idealizado pela CNBB. Naquele Ano Santo de 2.000, muitas
e muitas romarias estiveram no Santuário de Liberdade buscando indulgências concedidas à pessoas que vão a santuários e neles oram, se confessam, e
participam da Eucaristia, em
ocasiões especiais! Tempos de graça e bênção que a FAMILIA BOM JESUS gosta de repartir com os
romeiros. Tudo para o bem da Igreja e maior glória de Deus!
CONHECENDO
A PARÓQUIA:
Santuário de Liberdade - elevação a
Arquidiocesano
“Sob
a denominação de santuário entende-se a
igreja... aonde os fiéis em grande número, por algum motivo especial de piedade, fazem peregrinações...” ( Cânon 1230)
Iniciava-se o terceiro milênio; tempo de renovar propósitos! Nos primeiros dez anos depois
de 2.000, o Santuário de Liberdade esteve sob administração de três Reitores,
por ordem cronológica: padre Expedito de Lopes Castro, padre Tadeu Jesus Vieira
e padre Denílson Rodrigues do Nascimento,
pertencente este último à Congregação Passionista. Cada
qual a seu tempo buscou aprimorar ainda
mais a igreja matriz/santuário.
Nas alas laterais deu-se acabamento a forros
e pavimentos; no presbitério (onde fica o altar) substituiu-se o piso comum e velho por
granito, fixaram-se estante
para animação e ambão (mesa para leitura da Palavra), entronizou-se novo altar, em madeira trabalhada, com entalhes
assemelhados ao antigo
altar fora de uso desde as novas normas litúrgicas do Concílio
Vaticano II; o “trono”
que abriga e protege a imagem do Senhor Bom
Jesus e a “sala dos milagres”
(onde romeiros depositam suas promessas)
foram totalmente modernizados para dar melhor mobilidade às pessoas que por ali
passarem; todas as
paredes internas e forros receberam pintura nova; sessenta novos bancos
foram adicionados aos que já compunham o corpo da igreja e suas duas alas laterais; também a acolhedora e silenciosa capela do
Santíssimo Sacramento foi totalmente concluída
e recebeu amplo e artesanal tabernáculo para guardar as santas reservas eucarísticas.
Todas essas obras, feitas com arte e carinho,
custeadas por colaboradores e
paroquianos, contribuíram para enriquecer mais aquela Casa de
Oração e facilitar que paroquianos, romeiros, peregrinos
e visitantes sintam-se melhor acolhidos e mais motivados para participarem dos sacramentos e se
entregarem à piedade e oração.
Fato mais marcante desse período aconteceu no dia 14/09/2005 quando, durante a Missa solene
de encerramento do Jubileu, o Exmo. e Revmo. Arcebispo Dom Eurico dos Santos Veloso
(agora emérito) elevou o então santuário local à categoria de Santuário
Arquidiocesano do Senhor Bom Jesus do Livramento e promulgou no mesmo ato estatutos que lhe conferem condição de lugar
privilegiado de pastoral popular e de
evangelização com alegria e acolhimento. Honra para a paróquia, louvor e glória para Deus,
em Cristo - o bom Jesus - que
é o Senhor ontem, hoje
e sempre!
Santuário Arquidiocesano
- Restauração de pinturas
“O zelo por
tua casa me devora” (Salmo 69, 10)
No limiar de 2010, assumiu a direção da Paróquia e
do Santuário Arquidiocesano Senhor Bom Jesus do Livramento Padre Ivair
Carolino, natural de Rio Pomba e que vinha exercendo seu ministério
sacerdotal em Matias Barbosa. Enquanto seminarista, fez trabalhos pastorais em
Liberdade e já conhecia o templo, seus
altares e pinturas. Viu que precisavam
de urgente reforma!. Mãos à
obra, portanto, “na fé! ”, como
gosta de dizer. Cuidou logo de mandar restaurar os dois altares laterais e respectivas imagens de Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro e
do Sagrado Coração de Jesus; entronizou
nas alas laterais imagens de São Sebastião, venerado na Paróquia, e de Santo
Antonio, padroeiro da Arquidiocese. Pelas mãos de profissionais especializados, deu-se
início a procedimento de reparos no guarda-pó que protege o forro do
presbitério (altar-mor), com
prospecção, consolidação e imunização de tábuas, remoção de galerias de cupins, nivelamento de
lacunas. Também foram restaurados o “brasão central” (que encima o altar antigo), o “brasão do arco do cruzeiro” (no corpo da igreja) e a bancada do antigo altar principal. Fizeram-se remoção de manchas e
reintegração de pinturas antigas em
rocalhas floridas, molduras e florões. Os comoventes quadros da “Via
Sacra” pintados no teto da primeira igreja matriz (terminada em 1785) e cuja autoria, sem registro oficial, se atribui a Joaquim José da
Natividade, também estão em fase
de cuidadoso restauro. Todos esses procedimentos são muito delicados; exigem do
artífice/restaurador paciência franciscana, esmero, cautela, dedicação. São pinturas dignas
de serem vistas; ao visitar o Santuário, aproveite para conhecê-las!! Também cuidou-se de refazer a pintura
exterior com intenção de expressar na
parte externa um pouco das cores
que integram o interior do templo!
Tantas melhorias têm sido realizadas graças ao
apoio efetivo da Irmandade do Bom
Jesus, dos colaboradores que fazem parte da campanha “FAMILIA BOM JESUS”, dos paroquianos, dos romeiros e
da fidelidade dos
dizimistas.
Igreja
é isto: comunhão na fé e
em ações !
As fotos
ilustrativas foram gentileza de “Ponto 01 de Cultura-Terra Una” e
de Dr. José Xaides Sampaio Alves, professor
da UNESP. Resumiu-se assim a
história de antiga ermida, sem
torre e sem sino, transformada, no
decorrer do tempo, em majestosa
igreja que abriga a magnífica
imagem do Bom Jesus
do Livramento cuja
expressão de dolorida entrega reanima o caminheiro e renova nele a esperança; quando se contempla sua
beleza, a alma canta em silêncio: “ Deste teu trono sagrado, fonte
de misericórdia, dá-nos, Jesus adorado,
justiça, amor e
concórdia “. Que seja
assim, hoje e
para sempre!!
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